terça-feira, 25 de novembro de 2014

Estudo sobre Heráclito


Heráclito nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, de família que ainda conservava prerrogativas reais (descendentes do fundador da cidade). Seu caráter altivo, misantrópico e melancólico ficou proverbial em toda a antiguidade. Desprezava a plebe. Recusou-se sempre a intervir na política. Manifestou desprezo pelos antigos poetas, contra os filósofos de seu tempo e até contra a religião. Sem ter sido mestre, Heráclito escreveu um livro Sobre a Natureza, em prosa, no dialeto jônico, mas de forma tão concisa que recebeu o cognome de Skoteinós, o Obscuro. Floresceu em 504-500 a.C. - Heráclito é por muitos considerados o mais eminente pensador pré-socrático, por formular com vigor o problema da unidade permanente do ser diante da pluralidade e mutabilidade das coisas particulares e transitórias. Estabeleceu a existência de uma lei universal e fixa (o Lógos), regedora de todos os acontecimentos particulares e fundamento da harmonia universal, harmonia feita de tensões, "como a do arco e da lira".


Heráclito concebe o próprio absoluto como processo, como a própria dialética. A dialética é:

1. Dialética exterior, um raciocinar de cá para lá e não a alma da coisa dissolvendo-se a si mesma;
2. Dialética imanente do objeto, situando-se, porém, na contemplação do sujeito;
3. Objetividade de Heráclito, isto é, compreender a própria dialética como princípio.

É o progresso necessário, e é aquele que Heráclito fez. O ser é o um, o primeiro; o segundo é o devir - até esta determinação avançou ele. Isto é o primeiro concreto, o absoluto enquanto nele se dá a unidade dos opostos. Nele encontra-se, portanto, pela primeira vez, a ideia filosófica em sua forma especulativa; o raciocínio de Parmênides e Zenão é entendimento abstrato; por isso Heráclito foi tido como filósofo profundo e obscuro e como tal criticado.
E Platão ainda diz de Heráclito: "Ele compara as coisas com a corrente de um rio - que não se pode entrar duas vezes na mesma corrente"; o rio corre e toca-se outra água. Seus sucessores dizem até que nele nem se pode mesmo entrar, pois que imediatamente se transforma; o que é, ao mesmo tempo já novamente não é. Além disso, Aristóteles diz que Heráclito afirma que é apenas um o que permanece; disto todo o resto é formado, modificado, transformado; que todo o resto fora deste um flui, que nada é firme, que nada se demora; isto é, o verdadeiro é o devir, não o ser - a determinação mais exata para este conteúdo universal é o devir. Os eleitos dizem: só o ser é, é o verdadeiro; a verdade do ser é o devir; ser é o primeiro pensamento enquanto imediato. Heráclito diz: Tudo é devir; este devir é o princípio. Isto está na expressão: "O ser é tão pouco como o não-ser; o devir é e também não é". As determinações absolutamente opostas estão ligadas numa unidade; nela temos o ser e também o não-ser. Dela faz parte não apenas o surgir, mas também o desaparecer; ambos não são para si, mas são idênticos. É isto que Heráclito expressou com suas sentenças. O não ser é, por isso é o não-ser, e o não-ser é, por isso é o ser; isto é a verdade da identidade de ambos.
É um grande pensamento passar do ser para o devir; é ainda abstrato, mas, ao mesmo tempo, também é o primeiro concreto, a primeira unidade de determinações opostas. Estas estão inquietas nesta relação, nela está o princípio da vida. Com isto está preenchido o vazio que Aristóteles apontou nas antigas filosofias - a falta de movimento; este movimento é aqui, agora mesmo, princípio.
 É uma grande convicção que se adquiriu, quando se reconheceu que o ser e o nada são abstrações sem verdade, que o primeiro elemento verdadeiro é o devir. O entendimento separa a ambos como verdadeiros e de valor; a razão, pelo contrário, reconhece um no outro, que num está contido seu outro - e assim o todo, o absoluto deve ser determinado como o devir.
 Aristóteles diz, por exemplo, que Heráclito "ligou o todo e o não todo" (parte) - o todo se torna parte e a parte o é para se tornar o todo - , o "que se une e se opõe", do mesmo modo, "o que concorda e o dissonante"; e de que de tudo (que se opõe) resulta um, e de um tudo. Este um não é o abstrato, a atividade de dirimir-se; a morta infinidade é uma má abstração em oposição a esta profundidade que vemos em Heráclito. Sexto Empírico cita o seguinte que Heráclito teria dito: A parte é algo diferente do todo; mas é também o mesmo que o todo é; a substância é o todo e a parte. O fato de Deus ter criado o mundo Ter-se dividido a si mesmo, gerado seu Filho, etc. - todos estes elementos concretos estão contidos nesta determinação. Platão diz, em seu Banquete, sobre o princípio de Heráclito: "O um, diferenciado de si mesmo, une-se consigo mesmo" - este é o processo da vida, "como a harmonia do arco e da lira". Deixa então que Erixímaco, que fala no Banquete, critique o fato de a harmonia ser desarmônica ou se componha de opostos, pois que a harmonia se formaria de altos e baixos, mas da unidade pela arte da música. Mas isto não contradiz Heráclito, que justamente quer isto. O simples, a repetição de um único som não é harmonia. Da harmonia faz parte a diferença; é preciso que haja essencial e absolutamente uma diferença. Esta harmonia é precisamente o absoluto devir, transformar-se - não devir outro, agora este, depois aquele. O essencial é que cada diferente, cada particular seja diferente de um outro - mas não de um abstrato qualquer outro, mas de seu outro; cada um apenas é, na medida em que seu outro em si esteja consigo, em seu conceito. Mudança é unidade, relação de ambos a um, um Aristóteles e Sexto Empírico, que não falam destas formas de passagem, mas de modo bem determinado, sem, no entanto, chamar a atenção para estas diferenças e contradições.
 Uma outra razão mais próxima parece-nos resultar da obscuridade do escrito de Heráclito, o qual, na confusão de seu modo de expressão, poderia dar motivos para mal-entendidos. Mas, considerando mais detidamente, esta dificuldade desaparece; esta mostra-se mais para uma análise superficial; no conceito profundo de Heráclito acha-se a verdadeira saída deste empecilho. De maneira alguma podia Heráclito afirmar, como Tales, que a água ou o ar ou coisa semelhante seria a essência absoluta; e não o podia afirmar como um primeiro donde emanaria o outro, na medida em que pensou ser como idêntico como o não-ser ou no conceito infinito. Assim, portanto, a essência absoluta que é não pode surgir nele como uma determinadas existente, por exemplo, a água, mas a água enquanto se transforma, ou apenas o processo.

domingo, 23 de novembro de 2014

Estudo sobre Mearlau Ponty

Maurice Merleau-Ponty

Merleau-Ponty nasceu em Rochefort-sur-Mer a 14 de março de 1908 e morreu em Paris a 3 de maio de 1961. Aluno da Escola Normal Superior, formou-se em filosofia em 1930. Lecionou no Liceu de Beauvais de 1931 a 1933, no Liceu de Chartres de 1934 a 1935 e na Escola Normal Superior de 1935 a 1939.
Foi mobilizado para a 2ª Guerra Mundial entre 1939 e 1940. Depois, ensinou durante quatro anos no Liceu Carnot e participou da resistência contra a ocupação nazista. Em 1945, quando se doutorou, foi nomeado diretor de cursos e conferências da Universidade de Lyon, da qual se tornou professor titular em 1948. Nessa época, fundou, com Jean-Paul Sartre, a revista Os tempos modernos, da qual foi assíduo colaborador.
Na Sorbonne, de 1949 a 1952, ocupou as cadeiras de psicologia e pedagogia, sendo eleito para o Colégio de França em 1952, onde lecionou até a data de sua morte.
 

"Gestalt", a consciência e o mundo.

A teoria da "Gestalt" (forma), permitindo interpretar a forma como estrutura, facilita a compreensão fenomenológica do ser vivo, enquanto união dialética e indecomponível da alma e do corpo. As formas realizam, assim, uma síntese da natureza e da idéia, e são conjuntos de forças em estado de equilíbrio ou de mudança constante, de tal sorte que lei alguma pode ser formulada em relação às partes tomadas isoladamente, cada vetor sendo determinado, em grandeza e direção, por todos os outros.
Segundo Merleau-Ponty, o que há de profundo na idéia de "Gestalt" não é a idéia de significação, mas a de estrutura, de junção de uma idéia e uma existência indiscernível, que confere aos materiais um sentido, a "inteligibilidade em estado nascente".
No que se refere à análise da percepção, no pensamento do filósofo francês a fenomenologia se torna existencial, pressupondo apenas, como "lógos", o próprio mundo, e ensinando que filosofar é reaprender a ver o mundo, voltar às próprias coisas.
Em que momento a consciência se insere no mundo? A teoria clássica da percepção não o explica - e a psicologia não consegue descrever esse momento. Assim, não existe a "sensação pura", o azul sem o céu, o amarelo sem o reflexo nervoso. A sensação se insere sempre num "campo", no qual é espontaneamente interpretada.
A percepção que funda e inaugura o conhecimento, implica a significação do percebido, condição de todas as associações apreendidas como conjunto. Perceber também não é lembrar-se, porque invocar a lembrança pressupõe o que se pretende explicar por seu intermédio.
Na opinião de Merleau-Ponty, o mundo humano é um "intermundo", no qual a transcendência dos outros seres humanos é mais "resistente" que a dos objetos, porque os outros são consciência e liberdade. Para os outros, nós somos "pedaços de mundo", e a relação entre as consciências e a relação dialética do senhor e do escravo.
Não há, pois, apenas homens e coisas, mas também esse "intermundo" que chamamos de história , simbolismo, verdade a fazer, cuja mola não seria a negação pura, mas a promessa de "sentido", que subsiste apesar dos mais graves "contra-sensos", e representa a esperança da humanidade.
Embora interrompida por sua morte prematura, a obra de Merleau-Ponty representa importante contribuição ao desenvolvimento da fenomenologia. Filósofo do "sentido", ele foi dos primeiros a interessar-se pela lingüística positiva. Procurando revelar a dialética que articula o sentido proferido com o que se acha implícito em nosso comportamento e nas coisas, Merleau-Ponty abriu novas e fecundas perspectivas à pesquisa fenomenológica.

Para Merleau-Ponty, a compreensão das formas mais elementares do comportamento exclui a causalidade mecânica e o espaço geometricamente entendido, e implica o recurso a um "espaço ligado ao corpo como uma parte de sua carne", pois o objeto da ciência dos seres vivos é a apreensão daquilo que os torna vivos.

Estudo sobre Ivan Illich

 Ivan Illich 

  Ivan Illich nasceu em Viena no ano de 1926 e faleceu em Bremen, na Alemanha em Dezembro de 2002. Filho de pai jugoslavo e mãe com ascendência judia, teve de abandonar a Áustria quando tinha cinco anos. A família mudou-se para Roma, onde Illich completou os seus estudos: física (Florença), filosofia e teologia (Roma) e doutoramento em História (Salzburgo). Durante a infância e juventude conviveu com o círculo de nobres russos que se refugiaram na capital italiana depois de terem saído do seu país aquando da revolução comunista de 1917. Foi também em Roma que Illich entrou para o seminário (1951), onde teve como colegas muitos dos futuros diplomatas do Vaticano e onde se ordenou sacerdote. O Cardeal Spellman, arcebispo de Nova Iorque, convidou-o para seu auxiliar. Por ser fluente em dez línguas, Illich tornou-se intérprete do Cardeal e teve como função preparar sacerdotes e religiosas para a comunidade hispano-americana. Nos anos 60 mudou-se para o México onde criou o Centro Intercultural de Formação (CIF), com o objectivo de sensibilizar missionários para trabalhar na América Latina. Na década de 70 foi co-fundador do Centro de Informação e Documentação (CIDOC), espécie de universidade aberta, especialmente voltada para os problemas da educação e independência cultural do Terceiro Mundo, sobretudo da América Latina.
A partir de 1980, dividiu o seu tempo entre o México, os Estados Unidos e a Alemanha. Nos últimos anos de sua vida, Illich foi professor convidado de filosofia, de ciência, tecnologia e sociedade no estado da Pensilvânia, sendo também docente na Universidade de Bremen onde morreu no dia 2 de Dezembro de 2002.

Educação sem escola.

Em Educação sem Escola, Ivan Illich faz uma análise crítica das instituições educativas atuais e das suas características e propõe a criação de um sistema alternativo que rebata a figura da escola na de uma aprendizagem não enquadrada institucionalmente. 
  • Permitir a todos aqueles que pretendem aprender o acesso aos recursos existentes, em qualquer idade;
  • Facilitar o encontro entre aqueles que desejam comunicar os seus conhecimentos e toda e qualquer pessoa que deseje adquiri-los;
  • Permitir aos portadores de ideias novas que se façam ouvir.

 Segundo Illich, o atual sistema educativo converteu-se num sistema burocrático, hierarquizado e manipulador, tendo como função primordial a reprodução e o controlo das relações economicas. “Por toda a parte, o aluno é levado a acreditar que só um aumento de produção é capaz de conduzir a uma vida melhor. Deste modo se instala o hábito do consumo dos bens e dos serviços, que nega a expressão individual, que aliena, que leva a reconhecer as classes e as hierarquias impostas pelas instituições”(Illich, 1974, pp.9). Os alunos estão sujeitos a currículos extensos e repetitivos, dados de forma demasiado rápida e superficial. Os professores, já habituados a esta rotina, não dão a possibilidade de aprofundar um ou outro tema que mais interesse os alunos, nem são capazes de atender às necessidades específicas de cada aluno. A  escola passa assim a ser um local de desigualdades e de conflitos, uma vez que alguns se adaptarão melhor do que outros.
  Segundo Illich, o facto de a escolaridade ser obrigatória só agrava a situação. Aqueles que não se conseguem adaptar aos temas curriculares obrigatórios e aos métodos de ensino vigentes, arrastam-se durante anos na escola, nada aprendem de válido, perdem a sua auto-estima. Quando finalmente deixam a escola, os alunos não estão preparados para ingressar no mundo do trabalho. Assim, deparamo-nos com jovens desanimados e desapontados, sem grandes perspectivas de futuro. Caso os alunos decidam abandonar a escola antes de terminarem a escolaridade obrigatória, deparam-se com problemas ainda mais graves, porque se, com a escolaridade mínima ainda têm a possibilidade de arranjar emprego mesmo sem formação específica, sem certificação escolar, ainda que mínima, o emprego torna-se quase impossível, ou então, sujeitam-se a empregos menos bons e mal remunerados.
  Illich defende que, apesar de muitas pessoas terem já consciência da ineficácia  e da injustiça patentes no sistema educativo moderno, não são ainda capazes de imaginar alternativas nem de conceber uma sociedade descolarizada. Daí que se torne necessário"criar entre o homem e aquilo que o rodeia novas relações que sejam fontes de educação, modificando simultaneamente as nossas reações, a ideia que fazemos do desenvolvimento, os utensílios necessários para a educação e o estilo da vida quotidiana" (Illich, 1974, pp.6).


Novas Instituições Educacionais.

  Em alternativa ao actual sistema educativo, Illich propõe a criação de novas instituições educativas, que permitam "dar àquele que quer aprender novos meios de entrar em contacto com o mundo à sua volta" (Illich, 1974, pp.7).
    A criação de novas instituições educativas propostas por Ivan Illich, teria como objectivos principais:
   Segundo Illich, as novas instituições educativas deveriam permitir a qualquer aluno o livre acesso a toda a informação e a todo o conhecimento que pretendesse adquirir. Em oposição aos actuais programas escolares obrigatórios supervisionados pelas instituições, o aluno não deveria ter necessidade de apresentar quaisquer credenciais ou currículo anterior  para lhe ser facultado esse acesso. De igual modo, estas novas instituições permitiriam a todas as pessoas a possibilidade de comunicarem os seus conhecimentos, tornando-os acessíveis e disponíveis a todos os interessados, com vista a aumentar e a multiplicar as oportunidades quer de aprender, quer de ensinar.
   Segundo Illich, trata-se de substituir a pergunta: «O que é necessário que se aprenda?», por «Com que espécie de coisas e de pessoas deve estar relacionado aquele que deseja aprender?» (Illich, 1974, pp.15)


As novas Redes.

   Segundo o autor, há  quatro espécies de recursos ou Redes, nos quais a educação se baseia. A função das novas instituições educativas seria tornar estas redes disponíveis e acessíveis a todos.
 I- Um serviço encarregue de pôr à disposição do público os objectos educativos, isto é, os instrumentos, as máquinas e os aparelhos utilizados para a educação formal.
 II- Um serviço de troca de conhecimentos, uma lista actualizada de pessoas desejosas de fazer aproveitar os outros da competência própria, mencionando as condições em que desejariam fazê-lo.
 III- Um organismo que facilitaria os encontros entre pares. Verdadeira rede de comunicações, registaria a lista das pretensões em matéria de educação daqueles que se lhe dirigissem para encontrar um companheiro de trabalho ou de pesquisa.
 IV- Serviços de referência em matéria de educadores que permitiriam estabelecer uma espécie de anuário onde se encontrassem os endereços dessas pessoas, profissionais ou amadores, fazendo ou não parte de qualquer organismo

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Estudo sobre Georges Snyders

Georges Snyders

Georges Snyders, de origem francesa, é um dos grandes estudiosos da pedagogia na contemporaneidade. Em razão dessa importância propusemo-nos a realizar um estudo de sua obra “Pedagogia Progressista”, publicada em Língua Portuguesa, em 1974, para fundamentar nossa discussão em torno de uma das atividades de aprendizagem mais solicitadas pela escola - a tarefa para casa (escola pública) ou estudos (escola particular). Nesse estudo, buscamos analisar, inicialmente, o sentido de sua proposta pedagógica para, em seguida, situar e compreender de que maneira deveríamos ouvir o autor em relação à essa atividade escolar, especialmente, nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Em cada um dos quatro capítulos procuramos, cuidadosamente, abstrair a concepção de tarefa para casa que estão subjacentes nas propostas pedagógicas da Educação Tradicional, da Educação Nova e de Makarenko. A partir daí, centralizamos esforços para a apreensão dessa atividade escolar na Pedagogia Progressista. A investigação é importante, pois os resultados de nossa pesquisa anterior (Tarefa de casa: um estudo bibliográfico) apontaram para a urgência de sua discussão no processo de formação de professores - inicial e continuada, uma vez que a mesma está disseminada na instituição escolar, de forma naturalizada. É fundamental que seja amplamente discutida para que se produza o processo de “continuidade-ruptura” (SNYDERS,1988; 2001), visando superar a simplista e contínua repetição do conteúdo escolar.


Eis a seguinte questão: “as discussões de Snyders, em sua obra Pedagogia Progressista, pode produzir uma prática pedagógica reflexivo-crítica aos professores, principalmente, relacionada à atividade escolar denominada de tarefa para casa?”. Para tanto, realizamos, inicialmente, um estudo acerca da biografia do autor, o qual resultou em um ensaio biográfico; leitura orientada de cada um dos capítulos da obra Pedagogia Progressista (1974) para compreendermos as bases nas quais foram fundamentas a proposta pedagógica do autor; produção de um texto no qual analisamos a proposta pedagógica progressista e, em seu interior, uma nova concepção da atividade “tarefa para casa” para professores e alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. Em razão dos objetivos de nosso estudo a investigação realizada foi de caráter exploratório, utilizando os procedimentos da pesquisa bibliográfica.

Georges Snyders foi docente na Universidade de Paris V e autor contemporâneo de várias obras, entre as quais destacamos: Escola, classe e lutas de classes (1977); Alegria na escola (1988); nas quais encontramos o seu pensamento pedagógico. As obras Pedagogia progressista (1974) e Para onde vão as pedagógicas não diretivas? (2001) foram aquelas que deram visibilidade à Snyders fora da França, inclusive, no Brasil, influenciando autores como Saviani, Libâneo, Nosella, Mello. Essas obras foram produzidas em reação ao ideário escolanovista, negando a diretividade da educação escolar. É nesse contexto que Snyders abriu um caminho para uma pedagogia de esquerda e atual, síntese da Educação Tradicional e da Educação Nova, denominado-a de Pedagogia Progressista. Na obra mostra que a primeira enfatizou os modelos e o professor como mediador do processo ensino-aprendizagem; a segunda priorizou a espontaneidade como base para a educação do aluno, e o não dirigismo do professor. Makarenko foi o subsidiário para apresentar as possibilidades de uma pedagogia contemporânea, na qual volta-se a discutir os modelos, o professor como mediador do processo, a primazia dos conteúdos, mas agora cuidadosamente articulados à prática social. Dentro dessa perspectiva situamos e discutimos o processo ensino-aprendizagem e em seu interior a atividade escolar - tarefa para casa, cuja forma e conteúdo precisam ser transformados e ressignificados, do ponto de vista pedagógico, aos professores e aos alunos.

É necessário compreender a essência das densas discussões presentes na obra Pedagogia Progressista, visando apropriar-nos da proposta pedagógica de Snyders. Contextualizar o momento histórico vivido pelo autor foi fundamental para apreendermos as razões das diversas e múltiplas questões abordadas em 220 páginas, pois precisávamos responder à nossa problematização. A atividade escolar tarefa de casa, dentro de uma concepção de educação de esquerda não é, do ponto de vista pedagógico, a mesma na qual as instituições escolares estão, ritualmente, acostumadas a solicitar. A partir dessa perspectiva pedagógica, podemos afirmar que a tarefa para casa é uma atividade que deve ter como ponto de partida, o conhecimento cotidiano do aluno, “a experiência peculiar dos alunos”, cuja mediação deverá ser desenvolvida pelo professor rumo ao conhecimento sistematicamente produzido pelos homens. A concepção de que essa atividade deve ser realizada após o desenvolvimento de todo e qualquer conteúdo escolar pelo professor, diariamente, e distante do professor, sob a responsabilidade individual do aluno e de cada uma das famílias é, dentro dessa pedagogia, uma atividade conservadora, acrítica, não formadora do homem. A tarefa de casa precisa ser desafiadora para que o aluno alcance a síntese por meio do processo de continuidade-ruptura e não tem por objetivo fixar ou reforçar um conteúdo escolar, mas proporcionar ao aluno a unidade da teoria e da prática.

Entrevista com Professora atuante no Séc. XXI

Nós do grupo Ensin’Art de Pedagogia, realizamos uma entrevista com uma professora que  atua na  área há bastante tempo para podermos  entender um pouco mais a  respeito de tudo o que envolve  o  lado profissional desta profissão.

Maria Cecília Alcantara, de 58 anos, formada em Pedagogia pela Universidade Metodista de São Paulo desde 1987. Atua com crianças de ensino fundamental, de sete a dez anos na Escola Estadual Jorge Ferreira, localizada em São Paulo na cidade de Diadema. Ela nos conta que seu principal problema enfrentado no dia-a-dia escolar, não só hoje, mas desde que iniciou sua profissão, é a falta de recursos em diversas áreas, inclusive a falta  de  estímulo  da própria escola, e muitas vezes, a falta de comprometimento dos pais dos alunos no que  se refere ao  ensino e  aprendizagem. “Me sinto sim realizada, principalmente quando vejo algum aluno antigo já formado,  mesmo com as dificuldades, tento sempre passar por cima das adversidades  e dar o meu melhor para meus alunos.”

Diante das afirmações acima, pudemos entender melhor a realidade da profissão que escolhemos seguir.
Porém, há uma questão em  mente: Quando a  professora diz que falta estímulo da  escola e não há  comprometimento  e interesse da  parte  dos  pais para com seus filhos  no  ambiente escolar, o que então, pode ser  feito para mudar essa realidade? Há como  diminuir  essas  e outras  dificuldades nas escolas?

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Músicas que falam das Mulheres de hoje em dia

Léa Mendonça - Mulher 

Muitas foram as vezes que senti-me desprezada por ser o que sou. 
Ultrapassei obstáculos, fui derrubada, reergui-me, segui... 
Lutei com minha própria classe, esbravejei, e muitas vezes fraquejei. 
Homenageei com sentimento profundo quem colocou-me no chão. 
Enrijecida tornei-me pelos tombos, afrontas e insultos. 
Recorri ao bom senso e permaneci calada, trabalhando em silêncio. 

Suor não me faltou, uma vida de labor me sustentou. 
Íntimo vitorioso à cada palavra contra mim lançada. 
Maior evidência não podia acontecer, minha classe começava vencer. 
Brinquei de submissão, foi divertido, via em semblantes, o sabor da ilusão. 
Ontem, nem falava, hoje solto a voz clara e firme para que todos ouçam. 
Longo foi o tempo de luta para a vitória alcançar...Ela chegou!!! 
Odioso preconceito se dissipa a todo vapor. 

Doei sorrisos aos insultos proferidos por mentes menos esclarecidas. 
Ondeei nas estradas da vida, mas consegui ser admirada, respeitada. 

Agora, pouca coisa resta a fazer, é só continuar procurando espaço. 
Melhorando a cada amanhecer, em cada entardecer...Anoitecer. 
Ouvir o coração misturado com a razão, então, resplandecer. 
Rumar para o infinito sentimento de mulher e vitoriosa permanecer.




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Não me venha falar da malícia de toda mulher/ Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é." (Caetano Veloso), 
Dizem que a mulher é um sexo fragil, mas que mentira absurda, eu que faço parte da rotina de uma delas sei que a força está com ela,Mulher de Hoje Em Dia 
Já é coisa do passado o império masculino 
A mulher chegou chegando com seu jeito feminino 
Deu rasteira no machão, revolução e o bobão foi de cara no chão 
Mulher hoje em dia não tá de bobeira mais não 

Mulher que não desanimou mostrou seu valor e tudo mudou 
Mulher que tudo conquistou de igual pra igual Deus abençoou 
Mulher hoje em dia é independente se liga na situação 
Tem muito marmanjo aí pilotando fogão varrendo o chão 

Mulher hoje em dia não é mais a dona de casa que serve o machão 
O homem que trai é um vacilão 
É duro ficar cara a cara com o Ricardão 

É inteligente, é tão competente, é eficiente 
Mulher também sabe ser patrão 
Mulher hoje em dia não tá de bobeira mais não 
No legislativo, no executivo, no judiciário 
Mulher tá batendo um bolão 
Mulher hoje em dia não tá de bobeira mais não 
É tão cuidadosa, é maravilhosa, é tão vaidosa 
Nóis não vive sem ela não não não 
Mulher hoje em dia não tá de bobeira mais não ... 

Mulheres Livres

A Luta pela igualdade na sociedade

Não  se pode negara presença crescente da mulher na sociedade e quão grande é sua participação na educação e em  muitos  outros aspectos. A mulher hoje, é ouvida, exerce papéis de  fundamental  importância, é participativa e mostra seu  valor. Hoje,  não é mais o sexo frágil,  pelo menos,  a maioria das mulheres lutam  por direitos igualitários,  apesar de esta não ser ainda a realidade total, ou seja, não  é  possível generalizar,  pois, o preconceito contra a  mulher e seus  direitos ainda  existe, em menos grau, mas existe.
A mulher se desdobra na  difícil missão de ser  mãe, esposa,  dona de casa,  profissional  e mulher. Conquistou sua presença em quase todos os seguimentos profissionais, possuindo  autonomia  financeira e conquistando a cada dia, liberdade.

Mas,  Essa liberdade tem limite?
Vale a pena todo o  esforço  por  igualdade?